mas quem disse que deve ser assim?
Foi entao que eu me sentei em um banco qualquer, daqueles de cimento de alguma outra praça qualquer. E simplesmente observei os transeuntes, e a sua forma magnífica de lidar com o mundo; sempre tao afoitos, lindos, leves...soltos. Percebi que eles nao eram muito diferentes de qualquer um, que tambem possuiam manias esquisitas, andares complicados, olhares desmedidos. Percebi também que assim como eu eles sofriam, e por assim ser, morriam de medo de tudo e de todos. Como pequenas formigas desenfreadas, andavam por aí à procura de algo novo, que os surpreendesse, que os tornassem parte de um todo, de alguma coisa realmente importante.
Foi aí que enxerguei medo em todos eles, medo de serem descobertos, de acordarem, perceberem o verdadeiro sentido dessa coisa qualquer em que acreditam...medo de terem medo...de acordar de baixo de suas macias cobertas e descobrirem que nao há nada o que fazer, nada pra se entregar, nada para acreditar; (muito menos no que se apoiar)
Descobri que eles sao meros turistas em uma ilha carinbenha ocidental qualquer, apenas aventurando-se por qualquer canto, mostrando seus sorrisos desdentados, seus movimentos milimetricamente ensaiados...essa alegria que todo dia é abafada pelo despertador de manhã...essa felicidade sempre adiada pelo dia-a-dia e por suas benditas obrigaçoes...
Foi quando eu me enxerguei em todos eles, e vi que nao era muito diferente do resto dos objetos, da vida e das coisas...enxerguei a inércia desse mundo viril e inconstante...tão preso à coisas simples como uma criança à um pirulito...enxerguei o infinito das coisas nas arvores que por ali estão, e sempre, pra sempre...e todo o sempre.
"aprendi o segredo, o segredo, o segredo da vida...vendo as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar"